domingo, 26 de dezembro de 2010

3 atos de Natal

1

ele preparou a cena. cuidadoso e ansioso trocou as lâmpadas por de cor vermelha. à geladeira reservou vinhos de fortes notas em paladar e odor. trocou os lencóis azuis por texturas mais pertinentes. limpou o ar de nocividades e acendeu essências de sinceras boas vindas.

não demorou, a campainha tocou a primeira vez. - a porta está aberta. disse em tom de familiar convite. ela1 abriu e deslizou adentro. junto um vento quente dançando com a saia do vestido florido e longo. dois sorrisos se encontraram no meio da sala e a noite ficou insinuosamente mais escura. o abraço dele em torno do corpo esbelto e moreno sobrava em intimidade. ela1 conhecia aqueles gestos. - boa noite - boa. ele já dentro da sua boca.

pausa para beijo longo e molhado. com adjetivações e tempos definidos pelo (a) leitor (a)

2

era uma garrafa e algo mais depois, três dias de histórias e dez gargalhadas para cada quando a campainha tocou. - a porta está aberta. disse ela1 em tom de segredo.
ela2 abriu e rompeu com o óbvio. junto uma calça justa e camisa generosa em decote, caminhava e riscava com seus lábios ainda mais vermelhos que a luz da sala traçando novo desenho à cena. três sorrisos se encontraram no meio da sala e a noite aprendeu que escuridão nenhuma é definitiva. - boa noite. disseram-se. uma nova taça foi alçada.

3

algumas garrafas e alguns meios depois, pois agora não a razão para cálculos, eis a cena:

ele1, anfitrião, coração morno, imaginação fértil, toque forte, ora toque íntimo, olhar indecente, mãos curiosas, mordidas e palavras para ouvidos e lábios. sentado no meio. feliz por ser dono da casa, mas livre e desperocupado por não ser dono da situação.

ela1, em pele quase índia, cabelos longos, contos secretos espalhados nos olhos, gestos de fêmea ímpar, ponta do lábio sorridente dentro da taça, pés descalços e pernas esticadas sobre a cama, narradora de ideias, sopro morno na manhã fria, saborosa e ainda faminta.

ela2, pele contrastante branca com seus lábios de grandes carnes rúbras, intimidadores seios alvos em pontas róseas, sabor de novidade e desconhecido, olhos de sombras, trazia as unhas como facas para amansar as costas, pernas dobradas sobre a cama, mas sem a camisa que antes lhe apertava a inspiração.

e...

espaço aberto às imaginacões complementares do leitor (a).


p.s.
é um segredo a três, para ninguém mais, porém em blog onde realidade e fantasia nascem gêmeas, tudo me pode. 1 feliz 3 natal.

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