sexta-feira, 12 de agosto de 2011

kuduro

quando vim pra luanda ouvi assim: - quero ver voltar dançando kuduro hein?


tentei desde o início. já cheguei assistindo alguns clipes e de imediato na primeira festinha de quintal, tradicional tipo de festa em casa adotado pelos migrantes de todos as bandeiras, já arrisquei uns passinhos.

sabe aquele gringo dançando maracatu bem no meio do carnaval? euuuuu. fui uma vez na boate e dancei feito louco, creeente que tava abalando no kuduro... não sei por que vi tantas risadas e comentários dos mangolês (nacionais angolanos). pois é... gringo tentando frevo, gringo tentando ser kudurista... pelo menos tentei e de peito aberto.

masn vale a intenção. o engraçado é que o kuduro é considerado a dança das crianças. rapaz, vc precisa ver a criançada dançando. liberdade é a palavra. existem os toques (passos) de músicas específicas, mas a dança é extremamente livre. seu corpo solto. beeeem, solto. mas o genial é ver os miúdos arrasando. meio jackson, meio street, meio afoxé... tá tudo junto e misturado.

já as mulheres... nooossa senhora. pernas para um lado, tronco para outro. ginga pura. é lindo vê-los dançando.

segue um link de um clipe BRUTAL de kuduro :) repare que tem um "toque" específico da dança do cambuá (para quem não sabe, cambuá é cachorro)


http://www.youtube.com/watch?v=OSNX9p7w1aA




segunda-feira, 1 de agosto de 2011

das dores e desapegos

aos poucos fui me despedindo desse pedaço. esse naco tão útil e frutífero. mas é assim, na vida tudo passa.

estava me despedindo desse blog. um adeus saboroso como foram os posts passados, como foram as ideias escritas e as não ditas.

mas me veio nova ideia. umsa sede desejosa de mais um pouco. e cá estou. de regresso.

afinal os cenários mudaram. o sol agora é gema ao entardecer. o céu é leitoso nevoeiro às manhãs e o vinho ganhou mais espaço que a cerveja na prateleira.

agora os contos são à distância dos melhores amigos. das habituais mulheres e a procura das novidades.

sou de angola. por certo tempo de certo. mais certo ainda é parafrasear uma amiga. sou do mundo.

e escrever sobre isso não foi fácil. daí o título. hoje são dois meses longe de casa. da casa minha cama a casa do sotaque nordestino orgulhoso de pernambuco.

não foi fácil. o primeiro mês foi de excitação pelo admirável mundo novo e angústia e desespero da saudade do mundo meu. cada tequinho.

principalmente dos amig@os, da família e do ar, dos costumes, das vias em mangues e das copas das árvores do espinheiro. ah, ponte da torre... ah hellcife antigo... serve-me um jazz no domingo em ébrias companhias...

dá-me uma bodega e um velho arrodeados de rostos das formas e estilos olindenses originais. dá-me um chamar que eu vou.

mas eis que surgem as candongas, vãns angolanas. eis que as zungueiras a vender frutas e legumes com suas bacias na cabeça e panos coloridos enrolados no corpo alentando o bebê pendurado nas costas.

surge o rio kwanza para preenher o vazio deixado pelo meu capibaribe. surgem novas gírias para substituir os segredos.

e assim vou viver e escrever os próximos dias. entre dores e desapegos. entre saudades e novidades.

Angola