domingo, 8 de janeiro de 2012

Pássaro vermelho

Desejando a ideia.

Sendo a ideia mar

Voou inteiramente e sincero

Mergulhou sem medo e de sorriso largo.

Entrou no mar.

E por alguns minutos uma surpresa

O mar tornou-se vermelho. Nem de sangue, nem de tristezas,

Mas um vermelho chama de luz, paixão e êxtase.

Deu para ouvir o mar rindo.

O pássaro vermelho não foi mais visto.

E depois o mar voltou a ser verde.


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Despedida do blog. Foi um exercício e tanto. Tantas verdades, tantas mentiras, tanta vida em pequenas palavras e pedaços meus nesse espaço.

Valeu bem a pena. Mas não cabe mais um termo, que apesar de ainda ser verdadeiro, serve para valorizar estereótipos gastos. E não serve como título para minhas atitudes e meus novos passos. Agradeço a todos que compartilharam algum tempo aqui. Forte abraço.

Pássaro Vermelho2

Parado no ar, observando e decidindo a nova direção.

O fim está próximo. Um novo início também.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Pássaro Vermelho3

"Da arte do desapego"

O pássaro vermelho rasga a azulidade. Canta jogando fora a dificuldade.

Do seu ninho, roubaram o amor,
do seu canto tiraram o sabor,
debaixo da sua asa, não há mais calor.

O pássaro vermelho rasga a virilidade. Chora jorrando os frutos não fertilizados

Do seu passo, furtaram o equilíbrio,
do seu faro, extraviaram o ritmo,
debaixo dos olhos, deixaram uma pausa.

O pássaro vermelho rasga a negridão. Fala forjando sua verdade.

Da sua falta sopra a desordem,
da sua ausência pinta uma árvore
debaixo da boca, mora um coracão marcado.

O pássaro vermelho voa. Pousa quando morto.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

ensaiando o final

Estou com uma imagem de um pássaro vermelho.

Não vejo o pano de fundo da imagem. Vejo apenas o pássaro vermelho de asas abertas. Clilcado como em um voo icônico. Quase uma marca de algo.

Aliás eu tenho visto luzes quando acordo. Hoje vi umas luzes verdes e amarelas sobre a cortina do meu quarto. E agora o pássaro. Eu sei que sou esse pássaro.

Exagerei nos últimos dias. Nos atos, nas palavras. É minha forma e fôrma. Exagero quando estou acuado. Acuado pela minha ansiedade.

O blog foi um descarrego desde o princípio. Mas, vai acabar. Vou acabar com a alcunha que eu mesmo cirei. Havia um grande propósito. Exercitar. Questionar o rótulo. As expectativas dos velhos amigos e dos novos conhecidos. Confessar mentiras e desenhar verdades tudo numa sopa só.

Sou assim mesmo. Explodo sempre antes de me isolar na cúpula íntima do meu casulo.

O isoalamento está chegando. E vou ensaiando o final do blog. O final desse propósito inicial. Quero construir novos pensamentos e novas telas. E uma outra imagem. Quero trabalhor outros pedaços de mim.

E será assim.

Quando vc menos esperar. Vai ficar a tela de um fundo qualquer. E um desenho de um pássaro vermelho.

Tem quem ri quando eu palhaço. Tem quem ri comigo. Tem quem flerte comigo. Tem quem me odeie. Ainda bem que tem. Mas tem também a necessidade de ser mais além.

De reconstruir. De recomeçar. E umhomemsolteiro não me cabe mais. Estou mais para umhomemsedento. umhomemamigo, umhomemtentativa. umhomem. Um homem apenas.

seguir ou descer



Dentro do ônibus de janelas coloridas em cores de maracatu eu ia
olhava para o reflexo distorcido e ponderava se seguia ou descia naquele ponto da via
na cadeira ao lado, minha amiga irmã Mannu apenas lançava um olhar em apoio incondicional e dizia
mergulha que você é do mar, e eu, mesmo acreditando, tremia

Teria acertado a escolha da linha ou teria uma vez mais equivocado a portaria?
foi assim por tantos dias, essa falta de sabedoria, essa busca de melhoria
mas uma senhora negra e sábia da cadeira da frente repetia
vei meu filho, decide só pois do teu peso só você levantaria

Voltei  a olhar o reflexo distorcido na janelaria
levantei buscando resquíciios de valentia
pedi parada e caminhei à escadaria
a porta abriu, o Sol entrou, avermelhou tudo e eu me joguei à vida que sempre me abraçaria.


*desenho de Davi Bezerra

o amor por uma mulher

nem todo mundo entende o amor por uma mulher

nem todo amigo abre o ombro para a dor da rejeição.
nem toda família entende a depressão da solidão.
nem toda sociedade aceita a sofridão.
ainda bem que há os artistas. os pintores, os cantores e os atores. os músicos estão a parte. sortudos.

nem todo mundo entende a paixão por um seio.
o soluço por uma boca.
a disrtitima por uma cintura.

ainda bem que existe o cinema
ainda bem que existe o poema
ainda bem que existe a ilusão
ainda bem que existe a imaginação


nem todo mundo entende o sabor de um pescoço
nem todo mundo gosta de mordida
nem todo mundo me beija a orelha
nem todo mundo senta á beira


nem todo mundo é vc
nem todo mundo vira tela
nem todo mudo é música
nem todo mundo volta

é rapaz. a sensatez é passado
agora resta o amor e o vazio rasgado

por você em mim

eu entendo um pouco de limites
mais entendo mesmo é de excessos

eu entendo de pedaço às ordens
mais entendo mesmo é de trasgressão

eu entendo um pouco do certo
mais admiro mesmo as safadices

eu tenho a luz
mas prefirto as sombras

eu aceito as regras
mas respiro a desordem

eu acordo cedo
mas a noite me domina

eu ando no trilho
mas é na corda que bambo

eu sei que cerveja incha
mas uísque me traz soberba

eu sei que vc tem namorado
mas sua boca é demais

eu sei que estou errado
mas quem precisa saber também?

eu entendo muito
mas continuo assim

tendencioso
incendioso
ascintoso
meldiscentioso
falandoerradoioso
esse é meu blog

pq não???
pq não??
pq não???

valeu Ray

voracidade e eroticidade

Nina

se pudesse pintava minha sala
da tua imagem
em nacos de safadezas
da minha solidão angolana


e no alvorar
queimava meu laranja
em notas ácidas
das melhores palavras

pq eu não me caibo no silêncio
prefiro o arsênico
abstêmio que sou
ou boêmio profssião

o que me resta?
palavras, respiros, censos, imagens.
filmo por necessidade
por vazio
por pedaços

quem sabe um dia tenho um bolo
do tamanho fundamental
para saciar
meu buraco
em forma de corpo

em forma de espaço
em forma de sorriso falso
em fôrma

buracos... estradas... noites...

postes e fumaças
sempre há um bordel. mesmo que dentro de mim.

maça

quero um pedaço proibido.

Gainsbourg

quero um veneno. quero uma antimonotonia. quero uma poesia.
quero uma presença
quero uma essência
quero uma pendência

quero por querer
quero não perder
quero ceder
quero obedecer
quero bater

na sua cara
na sua coxa
na sua verdade
na sua pudicidade
na sua cara vaidade

na minha pena
na minha queda
na minha cama

 eu e vc.

entre jazz e blues
entre gemidos e alguma luz
entre medos e dores
entre prazeres e amores.

sobre seu sovaco direito

oi meu amor.

o que fizesses hoje de manhã?
pq meu amor?
seu sovaco estava lindo....
jura?
acho que ele está normal.
não meu amor, do seu sovaco entendo eu.
então tá. o que havia nele hoje?
um naco de pecado pendurado sobe a saliva de um perfume danado
jura?
juro. afinal, do seu sovaco sei eu.
ok então.


ok então. deita aqui no meu peito?
pq não meu amor?
pq vc é um sonho e como sonho é imprevisível.
mas hoje serei sua vontade. simples assim.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Dobre à esquerda após o Jazz

Na tarde alaranjada de Luanda eu caminhava cansado. Os meses de trabalho pesavam os ombros. Os pés apontando para o Recife faziam de mim um curupira em direção à rua 12 do bairro Projeto Nova Vida, residência desse segundo semestre de 2011. Era nova ela sim, a minha vida. Suspeitei desde a saída Rec-SP. Voo 1977. O mesmo número do ano do meu nascimento. Acredita nisso? Mas é a pura verdade. Renascimento em Angola.

Nessa tarde azulada de Luanda lembrei de uma conversa com o amigo Carlos Nigro, Caco. Disse-lhe que matei uns 06  Pablos até agora. E que iria matar mais uns 06 pelo menos até a reta final. De Recife para Luanda e voltando para Recife, um Pablo se foi. O legal é que eles parecem Smurfs. Vão uns e tem outros na fila logo atrás. Ainda bem. Mas, um dia os Smurfs acabam. "Pega leve Gargamel". Pensei na caminhada. E ainda bem que existe o Jazz. Para tocar e ouvir nessa horas.

Agora, na casa BBB de zilhões de moradores, esse smurf, sozinho, escuta Chet Baker com Gotan Project e toma um vinho. Vela o antigo, brinda o novo.

É meu amor. Um oceano nos separa. E isso não é uma metáfora.


Chet Baker e Gotan Project

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Corvo e o Girassol






Acima, um imenso azul profundo e infinito céu. Pedaços brancos em nuvens escolhem seus lugares. A manta branco-anil cobre uma família de titãs montanhas e suas pelugens verdes. A cama é uma terra a pulsar sanguínea  e vermelha. Extensa, fértil, infantil e cúmplice. Corre eufórica na saia das montanhas e as árvores riem.
Eu rasgo os brancos e suas calmas. Contrasto e defino um azul e preto. As folhas largam seus brilhos esmeraldas, rastros de um passado traçado. Voo rápido. Na música da  terra. Sou negro e raio para iluminar. Sou fértil e movimento. Sou ímpeto, sou rabiscos. Sou corvo.
Entre o todo um oásis. Amarelo. Ouro, incandescente, fervente e vivo. Um largo lago de gotas amarelas. Um destoante vale de seres louros. Um vale de girassóis.
É aqui. Foi sempre aqui. Passo da corrida para o passo a passo. Da caça dos filhos da terra para o deleite dos sinuosos e fêmeos caules e folhas. É aqui onde começa e onde termina. Só me cabe aceitar a fome, o desejo. Cair na incerteza amarela mergulhada na doçura verde sob a calma azul e seu interno vermelho voraz.
Resta-me libertar sombras sobre o clarão da flor. Podia continuar. Mas, é simples quando não há possibilidade.
Desço. Rasgo voraz o tecido ar. Solto rastros negros na tela. O amarelo cresce adiante. Vazo. Entro. Em meio ao rasante, lascas amarelas passam aos cantos dos olhos. Girassóis esquivam-se assustados. Gritam, sussurram, praguejam, fofocam. Não ligo. Sei o que quero.
É repente que paro no ar. Imediato. Vinha reto, paro e pairo. Asas em câmera lenta. Estou diante dele. Meu girassol. Resta-me libertar sombras sobre o clarão da flor e ver que cor sai.
Meu, pois dele são meus olhos. Meu, pois da sua luz cunho a imagem. Meu, pois da sua semente faço meu grão. Meu, pois da minha negritude faço uma vela. Meu, pois da sua ideia, teço um verbo. Meu, pois o amor é egoísta.
Olhamos um para cada. A volta, os outros giram e fecham em pétalas dobradas. O meu girassol é contrariante. Alarga. Espalha. Empurra. Arregaça o ar. Aliás, desdobra.
É aqui, em meio à mancha uniforme amarela de uma platéia tímida, um girassol de pétalas flores e frutas surge aberto para um corvo.
E o corvo paira beija-flor. Diante do seu girassol vivo achado entre estátuas amarelas escandalizadas.
São mil batidas de asas. Mil pétalas arrepiadas. Girassol a lagrimar poeira ouro. Corvo olhando para o sol em busca de amarelo menor. São mil silêncios. São  mil suspiros.
Eu, corvo, choro. Solto uma pena negra. Meu girassol sorri. Poleniza nosso impuro  ar.
Mas, o sol é vivo. E o vivo se move. E meu girassol segue a vida. Vira-se para ela. E vira-se de mim.
Palavras. Palavras. Palavras. Faltam quando o instante é maior em dor e buraco. Meu mínimo seria um guincho desafinado em plágio never more.
E o tempo nem dá tempo. Disfarçado de vento arranca o corvo para longe.
O quadro fica na tela. A paisagem volta em suas cores e seus donos de outrora. Resta uma mudança. Sobre a terra, protegida pela paz verde, entre os pés amarelos, dormindo sob o azul e respirando vermelha. Resta uma pena.
Resta uma pena negra manchada de pólen amarelo.
Agradecimento especial a Filipe Zau. Gigante angolano de gargalhadas largas.
Ilustração original de Davi Bezerra (muito obrigado primo)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

o homem falou

pode chegar que a festa vai é começar agora.

hoje era um dia qualquer em uma luanda qualquer.

entre a pérola branca do céu de fim de cacimbo (inverno) e as pontas da gema disfarçada de sol ele pensava.

refletia-se nos pensamentos soltos pela estrada à caminhar do trabalho. tão fácil tropeçar em tantas imagens. cienasta com demasiado questionamento tende a ser realizaor perdido. e agora sem a boêmia para lhe acompanhar (saiu para comprar uma esfiha e disse que só voltaria quando acabar o tratamento da gastrite) ele se pergunta em quê apoiar a inquietude, essa visitante frequente.

- e precisa de suporte? disse ela e abusada completou. - não dá para apenas deixar ser?
deitou-se então. pediu um espaço para uma ideia nem tão amiga assim e ralou-se ao asfalto, não beijou não seu nelson r., pois não eram tão íntimos assim. mas, compartilharam do mesmo espaço civilizadamente. pena que o tempo foi-se rarefeito, pois, ao trabalho iria regressar. e alí o trabalho não pode esperar. lembram as suas contas, que insistentes, sempre passam por debaixo da porta sem sequer serem convidadas.

e na jaula de vidro que muda de local mas tem os mesmos protocolos de arquipélagos, aqueles em que alguns colegas juntam imagens aos sons e finalizam nosso ganha pão, ele submergiu profundo em ideias vis. saudade das ideias viris.

daí que uma tal maria salvou o menino. maria a gritar em seu ouvido bem alto e percursivamente. pode chegar que festa vai começar agora maria. ou posso chamar de ritinha?

salvo pelo samba. salve o suor da música. sálvia de sons e sabores.

salve rita, salve maria, salve elis. salve eu.

brigadinho. só posso sorrir e caminhar.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

como um sol, ou como a lua

"entre raios e curvas, ela girava
entre lábias e larvas, ela clareava
entre taras e tardes, ela passeava.

no meio da mata, eu observava
nas noites da cidade, eu desejava
na solidão, eu admirava

entre atos e falhas, ela caminhava
entre farpas e folhas, ela libertava
entre a lua e o sol, ela brilhava.

na dança, eu parava
na ideia, eu esperava
entre a lua e o sol, eu sombreava".

a bela e o não-fera.


alguns anos atrás era recorrente a conversa com alguns amigos sobre se apaixonar ou desejar pessoas em momentos de irradiação, enquanto você está na introspecção...

eu e alguns colegas de "profissão" arrebentamos muito a cara. hehehehe. é muito ruim quando você coloca no outro, ou quer se alimentar da boa energia alheia e se esquece da própria fotossíntese.

a tendência é se tornar uma conexão e não uma fonte. daí dificilmente será objeto de desejo.

bom, é quando os astros se ancontram, mesmo sendo diferentes, o sol e a lua trabalham as luzes e cativam admiradores o tempo todo.

assim, como um sol ou como a lua, irradie. deseje e seja desejado.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

luanda cap. 2

após 20 dias na terra natal, estou de volta a luanda.

esse homem solteiro teria muito a contar, mas, às vezes falta tempo, ou coragem para expor tanto conflito dessa mente perturbada, imatura e solitária, mas, sincera. sendo assim, entre o muito e o pouco, vou de pedaços. pelo menos solto algo no caminho para lembrar como voltar.

e como o blog, segundo alguns amigos ferramaneta já velha na rede, tem o intuito da auto-exposição, vale a pena continuar o exercício e não ter medo do egocentrismo.

03 meses nas angolas e os 20 dias em recife (sendo 2 em sampa) mexeram com meu juízo. o alcool celebrativo das noites, manhãs e tardes, os abraços dos queridos, as palavras desafiadoras e os atos enfrentados agradáveis e os desfavoravéis.

nem deu tempo de entender, talvez entender não seja o verbo do momento e sim viver. então, o que me resta, ou que se apresenta são 3 novos meses "africanando". desafiando as ideias, a pele e o pensamento dessa minha cabecinha verde.

cap. 2.  luanda. que venha, pois estou de braços abertos.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

perder

uma vez estava conversando na cama. não era amor, não era noite de namorados, mas era sincero e intenso. daí o espaço para um bom diálogo.

entre as verdades daquela noite uma revelação minha. nos últimos anos aprendi, dolorosamente, a vivenciar um verbo desagradável: perder.

ganhar  é quando o desejo é aplacado, saciado e alimentado. perder é doer a barriga, é pagar o dinheiro da ida, é esperar o próximo jogo.

na semana de pernambuco e à beira da porta de mais três meses em luanda minha mesa está farta. conquistas e derrotas. lado a lado. pratinhos cheios.

e eu não me iludo, tenho que comer um garfo de cada prato.

nesse exato momento, o paladar está amargo. garçom? o menu por favor.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

kuduro

quando vim pra luanda ouvi assim: - quero ver voltar dançando kuduro hein?


tentei desde o início. já cheguei assistindo alguns clipes e de imediato na primeira festinha de quintal, tradicional tipo de festa em casa adotado pelos migrantes de todos as bandeiras, já arrisquei uns passinhos.

sabe aquele gringo dançando maracatu bem no meio do carnaval? euuuuu. fui uma vez na boate e dancei feito louco, creeente que tava abalando no kuduro... não sei por que vi tantas risadas e comentários dos mangolês (nacionais angolanos). pois é... gringo tentando frevo, gringo tentando ser kudurista... pelo menos tentei e de peito aberto.

masn vale a intenção. o engraçado é que o kuduro é considerado a dança das crianças. rapaz, vc precisa ver a criançada dançando. liberdade é a palavra. existem os toques (passos) de músicas específicas, mas a dança é extremamente livre. seu corpo solto. beeeem, solto. mas o genial é ver os miúdos arrasando. meio jackson, meio street, meio afoxé... tá tudo junto e misturado.

já as mulheres... nooossa senhora. pernas para um lado, tronco para outro. ginga pura. é lindo vê-los dançando.

segue um link de um clipe BRUTAL de kuduro :) repare que tem um "toque" específico da dança do cambuá (para quem não sabe, cambuá é cachorro)


http://www.youtube.com/watch?v=OSNX9p7w1aA




segunda-feira, 1 de agosto de 2011

das dores e desapegos

aos poucos fui me despedindo desse pedaço. esse naco tão útil e frutífero. mas é assim, na vida tudo passa.

estava me despedindo desse blog. um adeus saboroso como foram os posts passados, como foram as ideias escritas e as não ditas.

mas me veio nova ideia. umsa sede desejosa de mais um pouco. e cá estou. de regresso.

afinal os cenários mudaram. o sol agora é gema ao entardecer. o céu é leitoso nevoeiro às manhãs e o vinho ganhou mais espaço que a cerveja na prateleira.

agora os contos são à distância dos melhores amigos. das habituais mulheres e a procura das novidades.

sou de angola. por certo tempo de certo. mais certo ainda é parafrasear uma amiga. sou do mundo.

e escrever sobre isso não foi fácil. daí o título. hoje são dois meses longe de casa. da casa minha cama a casa do sotaque nordestino orgulhoso de pernambuco.

não foi fácil. o primeiro mês foi de excitação pelo admirável mundo novo e angústia e desespero da saudade do mundo meu. cada tequinho.

principalmente dos amig@os, da família e do ar, dos costumes, das vias em mangues e das copas das árvores do espinheiro. ah, ponte da torre... ah hellcife antigo... serve-me um jazz no domingo em ébrias companhias...

dá-me uma bodega e um velho arrodeados de rostos das formas e estilos olindenses originais. dá-me um chamar que eu vou.

mas eis que surgem as candongas, vãns angolanas. eis que as zungueiras a vender frutas e legumes com suas bacias na cabeça e panos coloridos enrolados no corpo alentando o bebê pendurado nas costas.

surge o rio kwanza para preenher o vazio deixado pelo meu capibaribe. surgem novas gírias para substituir os segredos.

e assim vou viver e escrever os próximos dias. entre dores e desapegos. entre saudades e novidades.

Angola

sexta-feira, 22 de abril de 2011

dei-te o silêncio

lembrei-me de algo, finalmente, digno de retorno à escrita blogueira.

na verdade não se trata de um algo apenas, mas,  de algumas memoriedades.

em tempos de excessos turbinados por mídias sociais e suas imagéticas práticas destrutivas de retinas, em prol dos eletrônicos olhares, lembrei-me de silêncios.

silêncios fêmeos, como havia de ser nesse meu pequeno espaço. lembrei-me de saídas mute on. para isso, presuma, havia estados consolidados, ou situações em si, já que falaremos do fim (esse = saída).

vamos direto ao ponto, após tantas firulidades.

uma mulher de beijo doce, ideias luzes, personalidade frenesi, cujo toque minhas mãos viciaram alguns dias frequetaram meu cotidiano. tal qual, não será injusto a reclamação na sequência, pois, a falada, proporcionou o hábito e consequentemente incentivou a necessidade da repetição.

mas eis que algo erra. e não interessa discorrer sobre o erro e sim o após. e de uma lua para um sol não há mais ela. só um eu. 

o que antes era riso, reclamação, prazer ou raiva torna-se silêncio.









não ao telefone. não ao encontro, não às palavras, não há... e ai de mim se tentar entender. quanto mais peço o por quê, mais recebo sorrisos simplórios em forma de game over.

a partir dessa acima lembrei-me de outros silêncios que ganhei ao longo. e aponto minha revolta. finalizar, reiniciar, ou outro verbo, não reside nesses meu problema, mas sim na indiferença.

algumas pessoas apenas deletam. apagam delas as amizades, os amores, os encantos e/ou dissabores. eu discordo da porta na cara. sempre estive de ouvido para bocas falantes. mas, lembrei, com amargura mesmo, de eventos de pontes derrubadas, cordas cortadas e elevadores quebrados. recordei de histórias de esquecimentos e necessitantes de afogar o contato.

discordo. prefiro a briga, o amor, o respeito, a atração, a repulsa, a inimizade, a humanidade à indiferença.

para as indiferentes o recado: não se iludam,  pois guardo os contos. para as de vidas em convite e que me olham no olho o telefone e o homem é o mesmo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

salivas de eros 1

inicia a fase erótica.


viajei a trabalho. de um dia para outro duas cidades na ponta das asas. a noite do primeiro dia, o descanso, uns chopes e risadas à mesa. na manhã seguinte o trabalho. na noite do mesmo dia o retorno.

eis o palco: o avião.

normalmente duas horas de voo nada trazem de novo. mas o FK 1269 era diferente. a sorte, o acaso, o destino, qual deles me afortunou aquela noite prateada?

cortesias entre tripulantes e transeuntes: - boa noite. - boa.
e uma passarela quase vazia. as luzes suaves do corredor acalmavam o espírito trabalhador. com certeza dormiria o trajeto inteiro. e o melhor, ninguém nas cadeiras ao lado da minha poltrona à janela. quase sem vizinhos, sem crianças chorosas ou companheiros indigestos.

foi perto do horário da saída. pensei: "abriram as janelas da várzea de flores silvestres, ou então descobriram quais essências fazem do meu olfato o mestre dos sentidos e escravizante da serenidade e da razão".

ela sentou ao meu lado. não foi nem na poltrona livre do corredor. foi aqui, perto, próxima das minhas vastas ideias. cavalheiro como sou, assumi a discrição. o máximo possível, julguei.

serena e segura se posicionou. abriu a boca e suspirou soltando os ombros em sinal de relaxo. do sibilo entre lábios um novo perfume. oh mestres da literatura... como escrever ou descrever um sopro, popularmente chamado hálito, capaz de enuviar a solidão? não me atrevo a escrever sobre seus olhos, seus lábios, sua pele. melhor será propor: qual desenho, qual carne, qual seda, para ti leitor, encorporaria o ápice? traga sua musa, pois aquela lá não fotografei e não me atrevo a desenhar visão equivocada.

motores ligados, poltronas em 90º, cintos afivelados, luzes desligadas. adoro a decolagem. amo a pressão do deslocamento. o desafio delirante de toneladas saindo do chão. belo é voar.

os primeiros vinte minutos foram apenas de observações. minto, contemplações. foi então o vigésimo primeiro o rompante. sem traquejos, virou de lado e olhou fixamente para mim. "pausei". sério? - sim sério, diziam os mirantes ao meu lado. aceitei. por momentos, abandonei o inseguro e respondi de movimento bate e pronto. alcei minha mão a sua nuca e convidei. aceito. tão breve quanto ímpar, estávamos a encontros úmidos e quentes nos céus brasileiros.

apenas o início de tamanha audácia. difícil explicar de quem era a dianteira. melhor é entender que nessa dança não houve guia, mas sim aventureiros. na penumbra das poucas luzes sua mão agarrou minha nuca fortemente e eriçou meus cabelos na cobrança que dalí por diante nada seria negado.

tudo rápido demais. tudo muito demais. cada mordida parecia um pedaço a menos de medo. cada toque um pudor jogado pela janela. não demorou e minha mão descobriu pernas sem calcinha. não custou e eu estava com a calça perto dos joelhos.

o tempo caminhava lerdo ante as pulsações e respiros. em contraponto os sons permitidos eram baixos gemidos em nossos ouvidos em pé. então o imaginável, ela e sua saia viraram de costas. mãos seguras apontaram o caminho. e lá estávamos nós entre nós inteiramente livres e unidos até lá dentro. insano? incerto? com certeza.

uma fileira adiante notei outra mulher a-visitando-nos. preocupei. errei. segundos depois a mesma olhante respirava dentro do compasso. uma de suas mãos se ocupava. a vizinha apreciava o show. voyeurismo não sai de moda.

voltando-me a nós dois. agora mais rápido. mais íntimo. mais calor. eu podia jurar que todo o avião mudara de cor. o aroma suado do assento usado fora trocado pela brisa silvestre prórpia dela. nada me existia mais além daquele pequeno espaço. e foi além. pegou minha mão livre e segurou sobre sua boca pressionando  e impedindo os sons delatores. da minha parte mordi meus lábios jubilantes. acredito, até, que bebi meu sangue tamanha a força.

daí aquele sentimento, momento, tão conhecido e indecifrável. indefinível. apenas lembro que no auge, senti que um eram dois juntos. seria possível? sim. fomos os dois juntos simultâneamente.

entre atos desaceleramos, ainda alí atados. olhos fechados e deslocados. um abraço apertado e a mesma mão, outrora convidativa, empurrou-me de volta à janela.  a outra mão dela segurava a explosão entre pernas. olhou-me sorriu e cerrou os olhos em isolada plenitude. não nos tocamos mais.

e foi assim resto da viagem. em recife desci só. para ela minha cidade era escala.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

prévias

para bom entendedor de carnaval, as prévias estão entre o melhor da festa.

vamos confraternizar dicas do que há de mais mais e desfrutar desse mês que precede os quatro dias de insana felicidade.

pelamordedeus contribuam e postem o que sabe.

a ideia é divulgar as não tão óbvias como acho é pouco, treloso e etc. vamos falar sobre outras que são incríveis e que são frequentadas por quem ama o carnaval e não apenas a badalação de festas com hiperpopulação e programações duvidosas (75 reais para ver monobloco???). diga-se de passagem a prévia do quanta ladeira ano passado, acabou a cerveja e fecharam os quiosques sem explicação deixando o público com inúmeras fichinhas na mão... e se alguém chegar aqui para falar do ensaio do patusco tá expulso do blog.

bom. agora quero falar do que gostaria de frequentar esse ano. festa com pessoas de olhos fechados gritando os cânticos, suores descendo sob esse sol duzínferno, de velhinhos rasgando no frevo, de dores nas pernas nos dias seguintes.

1

ensaio da orquestra da pitombeira.
imagine uma orquestra com aproximadamente uns 20 metais. os caras tocando na maior empolgação e tudo dentro do espaço apertado e quente da pitomba em olinda. fui domingo passado. fechei os olhos e dancei. um senhor passou me deu um abraço e bateu no meu peito. outro a minha frente dava aula de frevo, um dos componentes da orquestra era um senhor tocando um oboé, acho. enquanto a turma olhava as partituras ele solava feito um sabiá delirante. simplesmente incrível.
todos os domingos a partir de 13h na sede da pitombeira na rua 27 de janeiro nas olandas.

2

nem sempre lili toca flauta
esse chega é difícil falar. bloco predileto da minha tia vânia. imagina um bando de músicos sentados numa mesa grande tocando frevos canções e outros mais. aliás uma vez tava lá e o cara do acordeão tocou uma música, o jovem ao lado dele acompanhou no violão e uma pá de gente não sabia qual era a música. aí acabou e eu gritei: lindo. amarcord! é... eles tocaram a trilha de nino rota do filme de fellini... digressões. adoro. e ainda tem umas mulheres em pé cantando as músicas. e onde? onde??? no mercado da boa vista. meu mercado predileto para tomar uma cerveja de dia.
agora a minha falha... não sei quando é a prévia :(  ajuda!!!!

3

já mais famosa, mas ainda assim interessante.
bloco dos barba (será que é esse o nome??) no poço da panela, no mesmo dia do bloco do talo (é esse nome também?). normalmente no sábado a tarde, no mesmo dia da sala da justiça.
o diferencial, além de ser no poço da panela, é que fica todo mundo na rua e passam uma pá de blocos, troças, maracatus e etc por lá. eu gosto :) e você ainda brigando por uma cerva gelada em seu ... deus como é o nome dele... ai jesus... lembro nos comentários.
eu ainda fico na casa do amigo tomás, que reúne a turma do grupo de percussão quebra baque, que eu fazia parte. tomo uma e mato a saudade dos amigos. eles ainda saem tocam nas ruas do poço no meio da tarde.

por enquanto é isso. vamos lá povo. ajudem a fazer meu carnaval melhor :)

sábado, 22 de janeiro de 2011

vento de batom

acordei sob um sopro de boca nova.
aos poucos fui abrindo os olhos ao sol.

no início de janeiro demos passos rumo ao encontro de dionísios, e essa semana abrimos o vinho e fomos ao palco. eu e mais quatro acompanhantes.

veio a lembrança, o nervosismo, a tensão, o prazer de tempos antigos, cumplicidades. voltando ao teatro... ideias novas brasadas pelas antigas.

e fui dormir, reencantado pela minha mais antiga e agora nova enamorada. uma arte perdida por mim e talvez a ponto de ser novamente reapropriada. ai! a minha teatro. na feminina, pois a desejo assim como as outras feminlidades que tanto me perturbam e estimulam.

rumos novos, cantos frescos, boca nova para degustar, morder, sangrar, molhar.

vento de batom
cheiro brisado de flor
sábado bom

notas de liberdade
a língua afiada
ondas de novidade

delícia, já chego
moro e morro no seu aconchego

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

indiferenciar ou dêerriar?

já aconteceu comigo e já deve ter acontecido com você.

havia uma história tempos atrás, em que hálitos eram flores, toques eram macios, olhares dançavam juntos. época com diálogos extensos, fogueiras acesas nas cavernas, nudez compartilhada, prato executivo para dois.

uma história a dois. e como toda história havia conflito. afinal, que é da ação sem conflito?

já não era mais a mesma rosa amarela. mas, tudo bem, não é assim? o mesmo perfume, a mesma cor? mas alguém não tem mais o amor. acontece. e agora? o que faremos, ou melhor o que fizemos?

o conflito pede movimento, pede atitude e em tempos diferentes eu ou ela cometemos um ato que hoje eu não apoio. o ato de não conflituar. o ato do silêncio, da ausência, de não atender ao telefone. ah, a indiferença. decisão de quê? não brigar? não discutir? melhor é calar?

melhor é sair pela porta dos fundos e deixar a chave embaixo?

mas há o outro lado. será que a ausência do diálogo, ou da dr, também não seria um "para bom entendedor meio silêncio basta?"

deixemos a história passada para trás, afinal são dias de carnaval. pode rolar um - você tem quase tudo dela...
e aí? como trataremos nossas rosas amarelas?

e você? dr ou indiferença? vai de qual?

domingo, 2 de janeiro de 2011

carinhar

solzão lá fora e o coração quente aqui dentro.

dia bonito, começo bonito. tava pensando em carinhar. carinhar é verbo, é ato, é autocontemplATO, é deixar um teco de si para o do lado.

diazão bonito. tava pensando em caminhAR. caminhAR é ver, é tocar, é respirar un tanto a mais que parado, é CAMAnoAR.

dia2 ainda com gosto de novoano. tava pensando em dOUvidar. dOUvidar é saborear, é misturar receitas, é dourar, é estimular, é do outro participar.

solzão aqui dentro, quente coração lá fora.

vou carinhar, a rede, o amigo ao telefone, a semana de um ano inteiro que começa amanhã, vou carinhar, cou caminhar, vou douvidar e na próxima esquina um pouco e tudo vou te dar.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

expectativas 2011

expectativas de um solteiro em 2011

1. voltar a fazer exercícios logo em janeiro.
2. alimentar-se melhor. muito melhor por sinal.
3. beber menos. ajudem aí amigos, sei que sou free lancer mas liguem menos no meio da semana para almoçar e beber... mas liguem menos, não é para deixar de ligar 100%... ai meu deus, não vai dar certo esse item...
4. emagrecer sem ansiedade. (só de pensar já fico ansioso).
5. arrumar a minha casa. mãe me ajuda?
6. cudar bem dos velhos amigos.
7. fazer novas amizades.
8. conquistas.
9. ganhar mais dinheiro que em 2010.
10. ter menos ressacas, intimamente ligado ao item 3. (bebe água pablo, bebe água pablo, bebe água pabloooo)
11. fazer um curta metragem e comecar a escrever o roteiro do longa.
12. voltar a atuar. necessidade séria!!! mas, pode ser feito com leveza, assim menos séria e provavelmente mais fácil de realizar.
13. escrever mais.
14. ler mais.
15. continuar de bem comigo mesmo, isso tem se consolidado do meio do ano para cá. bom isso.
16. continuar usando meus pedaços ora doces, ora indigestos como matéria prima de produção artística.
17. abraçar mais.
18. beijar mais...
19. zzzzzzzzz menos.
20. é isso.

feliz e intenso 11 para nós.

domingo, 26 de dezembro de 2010

3 atos de Natal

1

ele preparou a cena. cuidadoso e ansioso trocou as lâmpadas por de cor vermelha. à geladeira reservou vinhos de fortes notas em paladar e odor. trocou os lencóis azuis por texturas mais pertinentes. limpou o ar de nocividades e acendeu essências de sinceras boas vindas.

não demorou, a campainha tocou a primeira vez. - a porta está aberta. disse em tom de familiar convite. ela1 abriu e deslizou adentro. junto um vento quente dançando com a saia do vestido florido e longo. dois sorrisos se encontraram no meio da sala e a noite ficou insinuosamente mais escura. o abraço dele em torno do corpo esbelto e moreno sobrava em intimidade. ela1 conhecia aqueles gestos. - boa noite - boa. ele já dentro da sua boca.

pausa para beijo longo e molhado. com adjetivações e tempos definidos pelo (a) leitor (a)

2

era uma garrafa e algo mais depois, três dias de histórias e dez gargalhadas para cada quando a campainha tocou. - a porta está aberta. disse ela1 em tom de segredo.
ela2 abriu e rompeu com o óbvio. junto uma calça justa e camisa generosa em decote, caminhava e riscava com seus lábios ainda mais vermelhos que a luz da sala traçando novo desenho à cena. três sorrisos se encontraram no meio da sala e a noite aprendeu que escuridão nenhuma é definitiva. - boa noite. disseram-se. uma nova taça foi alçada.

3

algumas garrafas e alguns meios depois, pois agora não a razão para cálculos, eis a cena:

ele1, anfitrião, coração morno, imaginação fértil, toque forte, ora toque íntimo, olhar indecente, mãos curiosas, mordidas e palavras para ouvidos e lábios. sentado no meio. feliz por ser dono da casa, mas livre e desperocupado por não ser dono da situação.

ela1, em pele quase índia, cabelos longos, contos secretos espalhados nos olhos, gestos de fêmea ímpar, ponta do lábio sorridente dentro da taça, pés descalços e pernas esticadas sobre a cama, narradora de ideias, sopro morno na manhã fria, saborosa e ainda faminta.

ela2, pele contrastante branca com seus lábios de grandes carnes rúbras, intimidadores seios alvos em pontas róseas, sabor de novidade e desconhecido, olhos de sombras, trazia as unhas como facas para amansar as costas, pernas dobradas sobre a cama, mas sem a camisa que antes lhe apertava a inspiração.

e...

espaço aberto às imaginacões complementares do leitor (a).


p.s.
é um segredo a três, para ninguém mais, porém em blog onde realidade e fantasia nascem gêmeas, tudo me pode. 1 feliz 3 natal.

domingo, 12 de dezembro de 2010

lobos e flores


            acordei pelas rugas dolorosas dos músculos.   os olhos estranhando a luminosidade excessiva. com suas devidas razões. ontem o tempo da noite se estendeu e os sentidos aguçaram os sabores. o cansaço e a dor a fracos pulmões, frutos da batalha entre risos, uivos, danças e feridas.
            contento-me em saber que na minha toca acordo solitário e não precisarei olhar para outro e nem um uivo iremos trocar até eu conseguir levantar e aceitar o Sol.
fiquei mais tempo deitado, apertando as pernas sobe os braços querendo apaziguar a memória e suas idéias confusas. mas, a mente mais ardil e impiedosa que a esperança exibe o filme dos lobos e flores na noite de ontem.
            entre flores e lobos, em seus ritos de pólen, caça, sangue e prazer, muitos riscados dos galhos sobre as peles e muitos pêlos espalhados no ar atrapalhando o vôo das borboletas. tantos sons indefiníveis se ruídos ou cânticos. falas, na sua maioria sem palavras, mas ricas em gestos, atitudes e vontades.
            entre um e outro a mensagem de que presa é mais afiada, qual pode cortar mais fundo e quem sabe melhor usá-la. entre pétalas de cores e desenhos diversos, overdose em odores, artimanhas, abismos e verdades pintadas.
entre eu e a noite, a hipertrofia dos sentidos ofuscando a racionalidade, deixando a fera se divertir e sofrer, entre eu e o dia as manchas sobre a pele e os recados farfalhando a lembrança. a luta é feita de dor e prazer.
            entre meu lobo e eu, pauso, aproveitando a solidão tento ver outro prado, outra possibilidade em que meus passos não me tragam tanta dúvida, euforia, dor, insegurança e prazer atados numa noite. sinto-me fácil sonhar num passeio de um lobo solitário em meio a floresta selvagem, sem ofender e sim carinhando a grama sobe as patas. mas a realidade as vezes se opõem ao ideal. assim como a mente à esperança.
            respirar tem seu preço. morder também.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

esquentar os lençóis

tava relendo uns posts anteriores e me infeccionei com a quantidade de assuntos tristes ou deprês.

que é isso? hora de levantar a moral. chegando final de ano e as reflexões são inevitáveis? interrogação? isso. não me encontro refletindo muito não. aliás o momento maior de questionamentos foi a presença durante o 43º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. lá passei oito dias infectado de cinema e de tantas discussões.

foram dias de gargalhadas graças a phelipe cabeça e suas tiradas únicas, foram dias de debates entre a mente fértil de marcelo lordello e o grande terreno da minha, foram dias de orgulho escutando dona francisca falar pelos olhos e ouvidos de felipe peres, foram dias de inquietações pela decisões corajosas de felipe braganca e marina meliande, de alumbramento por serginho e cia agarrados nos seus personagens naquele céu sobre os ombros, foram noites longas nos apartamentos dos desconhecidos, foram inteligências nas vozes de maeve jinkings e leo (leonardo) lacca, foram dias de raiva, de inveja, de grandices e pequenosidades, de companheirismos novos e antigos. foram dias inesquecíveis.

no final, a vontade quente de regressar para casa e poder compartilhar com os amigos que me ajudaram a realizar meu filme e que sem eles essa experiíncia seria negada.

voltei. e como é bom rever, cheirar e beber meu recife velho. esse meu amigo, essa minha mulher, essa mãe crítica e orgulhosa.

voltei porque meus lençóis solitários ligaram e disseram que fazia frio. voltei para esquentá-los.

domingo, 21 de novembro de 2010

não me reprima

fato: nossa iludida mente prega peças diariamente em seus usuários. esses, mais iludidos (ou ilusórios) ainda.

dentre seus ardis destacarei uma das suas prediletas ferramentas, a repressão.  aliás, a ideia surgiu após um diálogo de outrora com uma amiga, o qual descrevo mais adiante.

como vítima dessa ardilosa (gênero feminina de novo?) máquina resolvi propor um dia contra a dita.

cogitei a decisão de uma tarde desregrada, pois, acordei após a manhã vitimado dos festejos. mas, não completamente livre das regras da mente. apenas uma.

uma tarde livre de repressão.  e como sempre, decidi compartilhar tal decisão com você. convidando a  participação conjunta dessa possibilidade.

minha amiga do segundo parágrafo.
em seu auge de fome e femilidade exercitava dias atrás as suas particulares artes e manhas da amostragem (no caso de si) e da receptividade. artimanha vulgarmente conhecida como sedução. era um dia qualquer, homens a volta e a bela centro das atenções. desfilando no palco livremente como o ATO de uma não atriz profissional, mas mulher com DRT merecido. mas, o que há de contestante nisso? a extensão contínua dessa atitude somado ao fato de o consorte da mesma não se encontrar no recinto... hummm.

para mim continuava não sendo ato passível de repressão, mas quando questionei aonde iria ela mandou: - não me reprima pablito. e no abraço da nossa amizade apreendi e respeitei o joguete prazeroso não tão perigoso, mas talvez nem assim inocente. e concordei. não se preocupe linda, deixe-me apenas a par e assistindo de camarote.

assim sendo, lembrei-me de mim vitimado semana atrás de desejo auto reprimido. logo eu, quem me conhece entende sabe, que de desejo não sou dos que mais se negam a tê-los.

pois bem, essa tarde pode. fechei as cortinas, as portas, desliguei os contatos e abri o calabouço de ideazinhas vermelhas. mas, para o bem da comunidade decidi, pedindo a essa tal mente a ajuda, que iria fazer isso sozinho em imagens, sons e texturas dentro da minha morada. os sussurros e gemidos seriam brandos para não incomodar ou agradar os vizinhos.

e asssim foi minha tarde. mas, o Sol se pôs e as regras voltam ao jogo. resolvi sair e dar uma volta olhando dentro das cascas de cada um e compondo suposições das suas mais inúmeras repressões.

torça para eu não enontrar você ;)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

uma nova amante

estava pensando nesse lance de blog. a reflexão veio antes, pois estou escrevendo. um dia de muitas letras sobre a tela.

a questão trata da ligacão entre eu e uma nova personagem, de um novo roteiro, em um novo momento da minha vida. escrevendo sobre ela e sobre o seu "curto" caminho (se trata de um novo roteiro de curta metragem) fico fitando essa mulher e pensando quem ela pode ser para mim...

aí, nesse mar de pensatividades, me liguei porque estava me sentindo tão só e distante da minha persona no final de semana. estava longe da minha personagem. estava longe dessa nova história que precisa ser contada e enquanto não parir será um novo casamentto com todas suas glórias e muitas cobranças.

ao me afastar dessa nova mulher na minha vida, virei o meu espelho de costas. como escrevo sobre uma mulher que passa por um desafio talvez maior, talvez menor, que os meus, acho que me assustei com ela e dei um tempo. mas ela estava alí na porta ao lado. deitada na cama comigo todas essas noites. e só aceitando essa nova amante, essa mãe temporal, essa filha incestuosa, essa enigma, vou conseguir andar. pois estava prostrado e nem sabia o porquê.

e a reflexão do blog? não quero ficar trancado sozinho no quarto com essa doida. precisava compartilhá-la com alguém e no blog parece que você conversa sozinho, mas tem sempre alguém espiando. boatos, fofocas e comentários voltam quando você vive e naturalmente se expôe. estamos aí, eu e ela, exercitando o contato com o mundo lá fora.

alô?