"Da arte do desapego"
O pássaro vermelho rasga a azulidade. Canta jogando fora a dificuldade.
Do seu ninho, roubaram o amor,
do seu canto tiraram o sabor,
debaixo da sua asa, não há mais calor.
O pássaro vermelho rasga a virilidade. Chora jorrando os frutos não fertilizados
Do seu passo, furtaram o equilíbrio,
do seu faro, extraviaram o ritmo,
debaixo dos olhos, deixaram uma pausa.
O pássaro vermelho rasga a negridão. Fala forjando sua verdade.
Da sua falta sopra a desordem,
da sua ausência pinta uma árvore
debaixo da boca, mora um coracão marcado.
O pássaro vermelho voa. Pousa quando morto.
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