quinta-feira, 26 de agosto de 2010

versar o olhar

Alguns anos atrás me apaixonei inteiramente e mais um pedaço por uma atriz.

Eu já diretor. Era uma época em que olhar completava meu dia. Passeava por grupos de velhos e novos amigos sendo um homem menos falante, diferente do meu usual.

Durante alguns meses, ela e eu, compartilhamos. O olhar e a olhável.

Mas meu estado de olhador, aos poucos, combinou bem com o sufixo. Essa condição, cada vez mais observatória, me fez deixar de lado a própria identidade. E na fome do ver, larguei meu sujeito na cômoda. Da manhã à noite.

Lancei tanta luz que parei de refletir e ofusquei minha imagem. Deixei de ser objeto. (digressão: referência ao texto Casa de espelhos de Leo Falcão). E como tal, esfumacei a mim. Uma cortina (re)formando um homem desinteressante.

Preciso dizer que a atriz partiu?

Foi um período de ensinamentos, ou seriam aprendizagens? Após novos ventos, me pensei outro.
Ainda muito olhante, mas hoje, sempre atuante. Sempre objeto. Sempre desejo. E, claro, sempre querendo.




Carregue o vídeo. Enquanto ouvir, releia o texto.

3 comentários:

  1. Adorei...
    estou quase montando um blog tbem sobre minha solterice...
    Odeio quando as pessoas acham q todos os meus problemas seriam resolvidos se eu tivesse um namorado
    quem disse q namorado é solução???
    eu acho um problemão!!!!

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  2. Dias inquietantes e difíceis. Vc jogou tanta luz longe, que fez sombra em tudo ao seu redor. Ainda bem que são dias distantes. :)

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  3. Adorei Pablo!
    Olhares tranformadores, auto olhares, auto imagem... reflito sobre isso.

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